Novos passos
Lembro-me de que quando escrevia neste blog antes da separação eu vivia numa espécie de drama constante, como se precisasse me decifrar para poder viver bem, dado que vivia de forma inaceitável em função do meu aparente desejo - que não sabia bem qual era. Agora a situação é outra.
Escrevo sabendo que todo aquele sofrimento não levou a lugar algum. Nada pude apreender dele. É como se, terminando a relação, tudo o que envolvia meu desespero desaparecesse para ceder lugar a um indizível mais preso a situações concretas - quais sejam, relativas a viver sozinho e a cuidar da própria vida. Tudo tornou-se mais concreto.
Claro que nessa passagem muito sofrimento passou à minha frente. Hoje relembro as noites de sono mal dormido, as idas sem destino a bares na avenida Jabaquara, sem saber bem o que pensar, e me dá vem uma sensação de desperdício ao mesmo tempo em que não consigo acreditar em como consegui sobreviver a tanto sofrer. Mas sobrevivi. Consegui.
Havia, é claro, uma transferência. Eu não conseguia fazer nem lutar por aquilo em que acreditava e minha insistência numa relação desgastada era uma espécie de salva-vidas que não me levava a lugar algum. Tudo se passava como se eu vivesse uma vida que não era minha - e que talvez nem fosse nossa. Muito estranho, mas natural dado que nunca vivera só a ponto de perceber o que realmente queria, aquilo em que realmente acreditava. Permaneço agora parado, é certo, mas aparentemente nos próprios pés, algo que não sentia outrora.
Agora todos os escritos na internet surgem aos borbotões e não dedico muitos recursos psíquicos a eles. Eles surgem como resultado de um trabalho consistente e coerente e são lidos já por vários amigos. Pois antes, eu me lembro, não dava a menor importância às leituras por um e outro. Hoje, elas são passíveis de serem contadas e auferidas, ou seja, tornaram-se reais em relações reais.
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