por que passar os dias e noites
pensando naquilo que poderia ter feito
se
passamos os dias e noites sentindo
o frio, o calor, a nebulosidade da vida
e não podemos fazer quase nada
com o que conseguimos,
cá entre nós,
quase nada realmente.
prefiro passar a noite em claro
ouvindo a cris tossir, e ela acha
que precisa pedir desculpas,
preocupado eu,
mas ainda a convenço a irmos novamente
a um médico próximo ao analista,
à analista,
creio que a convenço, será,
mas vivo mais quanto menos vivo,
vivo mais comigo quando menos
me deixo ensimesmar nesse meu
potencial inesgotável, como o de todos,
simplesmente minhas decepções foram
parece
mais marcantes e patentes que as
dos outros.
e leio o inominável e como
não poderia deixar de ser
quase me deixo engolfar pela
leitura acadêmica, quando
o que mais me atrai a tudo
é simplesmente o tom de graça
que ouço, dele, mesmo em tradução,
talvez seja boa, nunca vi uma
tradução realmente boa. nunca.
falta de oportunidade, talvez.
meu destino como tradutor
traidor. realmente traidor.
#
sinto nojo
como há bastante tempo não sentia
ao trocar as pedrinhas do cocô
da mim, a gata
de minha sogra.
vocês sabem,
são aquelas pedrinhas que servem
de aglutinante a xixi e cocô de pets
civilizados, esses que fazem
onde se lhes é dito que devem.
mas o nojo que sinto quase
me faz vomitar, e me sinto
meio que mais vivo naquele momento,
puxa, será que é disso que minha vida
necessita, de mais vida vivida,
talvez, acho que sim.
e vivemos
a cris e eu
mais dessa vida vivida
ao sofrer no hospital santa marina,
sendo destratada - ela - por médico
mal-educado (com hífen? sem hífen?),
e eu a tentar ajudá-la,
sem conseguir muito.
menos um dia.
#
crio o blog
contreradepressed.blogspot.com,´
só para não assoberbar quem me lê
de pensamentos e mais pensamentos
decaídos, de quem não sabe
mais a que veio, a que vem, todo dia,
enquanto estes dias correm,
enquanto eles não acabam.
#
lúcio, querido
vc vê o que mal existe...
&
Penetralia said...
Oi, Rodrigo! Te reencontro a partir do blog do Gt.
Deixe poesia e cultura mesmo!
essa disposição tá tão poética.
#
o gerald me inclui nos seus links favoritos
e coloca lá, como identificadores,
"poesia e cultura". é curioso como
meu estilo, de colocar tudo
simplesmente centralizado
parece poesia, e não é.
longe de mim tratar a poesia
de uma forma assim meio estranha
mas também nada para mim é tão
sagrado assim. simplesmente
os ditos aqui são centralizados,
só isso. mas é como tudo, hoje.
você diz uma coisa, e a pessoa
vê e entende o que quer ver.
#
são momentos simples, singelos,
que passamos juntos abraçados
ou quase.
que seria de mim sem
esses momentos, que tanto
fazem falta quando nada mais
ocupa o lugar da felicidade.
entendo o ponto de vista
- passado, no que me diz respeito -
daqueles que não sentem o amor.
eu sinto-o, de veras,
e não deixa de ser o que mais eu sinto.
conto à ana luíza, da cultura,
isso que diz respeito ao amor
mas ela não se comove, pelo que noto.
diria eu que não é fácil
chegar ao ponto em que já cheguei
há muito. o ponto do no return.
mas agora eu volto, repasso
a vida que ainda temos a viver
conosco, conosco mesmos.
#
compro o inominável,
mais pelo texto explicativo?
não, não bem isso.
e encontro o caetano vilela,
pergunto-lhe como vai a peça do
stoppard, e ele me diz que prefere
outros sescs aos que lhe indicam,
e lhe passo meu cel como contato
para quando começarem os ensaios.
quem sabe rola novamente
eu me meter no metier
pela via dos fundos.
não sei. nada de via dos fundos.
o que quero é ver TUDO por
outras vias que não as tradicionais.
#
tudo
são explicações incompletas.
tudo deixa atrás de si umas marcas
a que não consigo fazer jus.
tento me concentrar e
não consigo - por mim e por eles.
minha última sessão rolou difícil,
difícil, realmente, mas rolou
e ficaram marcas tênues de problemas
a enfrentar, de dilemas a solucionar.
#
explico
tento
o que me acontece.
trabalho onde nada mais me satisfaz.
vivo com quem amo, mas como pouco
me satisfaz é como se vivesse um tempo
passado, águas que não levam longe,
e me sinto estorvando, como no livro
do chico, aquele primeiro,
que ganhei da minha irmã.
aquilo que fazia sentido em minha vida
era o teatro -
minto, era a exposição
de minha subjetividade.
mas hoje isso é muito pouco -
pouco DEMENOS. excessivamente
pouco, tão pouco que mal me agüento (com trema).
agora a cris volta para casa
e eu espero o trânsito passar
para ir embora
mas o trânsito não vai mais passar
- sou eu que passo por ele.
preciso dar um jeito na minha vida -
antes que ela dê um jeito em mim.
#
meus sentimentos são demasiado dúbios
com respeito a tudo o que me acontece
que eu não sei mais o que fazer. ficar ou ir,
tanto faz para mim, agora. estou realmente
perdido, não sei para onde vou, o que faço,
o que deixo de fazer. não sei mais nada,
a meu respeito, a respeito do que me rodeia,
nada, praticamente nada. e eis que descubro
tudo, praticamente tudo.
descubro por exemplo
que aquele meu colega simplesmente
acabou batendo de frente com uma
situação que ele não topava mais topar.
saiu por discordância, e ele ao que
parece não se faz de rogado ao deixar
isso claro, aos poucos que olham
nos olhos deles, lá na profundeza
da alma dos outros. descubro
isso conversando com o bruno,
outro que sai, mas também por
perceber que a orientação não
levava muito longe,
sai não por discordância,
sai mais por exaustão.
digo isso a alguma, e deixo bem
claro aqui que a vida é assim.
eu fico meio desolado, meio é foda,
mas fico apenas MEIO desolado,
mas é a vida, como vai, como fica.
lúcio,
eu coloquei toda minha obra atual
num blog por aí. logo te mando
um convite e você poderá ter acesso
a tudo, são 13 mini peças, e falta
colocar ainda a primeira,
aquela que iria virar outra coisa,
mas que na hora não virou muito mais
do que apenas as palavras jogadas.
logo te mando o convite.
#
mas eu aos poucos
muito aos poucos, quase
imperceptivelmente, quase
sem querer, mas com toda a vontade
de querer, de desejar mesmo,
me boicoto. boicoto quem me apóia
e anima, me boicoto. não sei por quê.
como se tudo o que acontecesse
eu realmente negasse que em mim
está acontecendo. como se as
pessoas ao meu redor não existissem.
e existem? não sei. sei que estou
e mal estou aqui, estou mal, inclusive,
mal, com mal-estar de estar aqui.
eu não perderia meu tempo aqui
dizendo isto que digo se isto
que digo
não fosse a maior realidade,
aquela que define meus dias e noites,
aquela que me faz querer viver ou morrer
quando no fundo nós só vivemos e só morremos
- tudo ao mesmo tempo. tudo.
ao
mesmo
tempo.
#
almoço com os colegas
mas, ao contrário de antes,
não me deixo dominar pela
vontade de participar.
participo ou não, a variar
do humor. e percebo
como de vez em quando
- poucas vezes, umas duas -
colegas ao improviso buscam
meu olhar de aprovação
sei lá sobre quê, futebol não
seria. e na hora aceito,
coloco meu ponto, mas
não entendo muito bem -
reflito depois. agora, neste
exato momento. e como ao
final o raphael, o rappa,
engata uma terceira, escolhendo-me
para desabafar contra aquilo que
certas outras presenças fazem
e como com isso elas desagradam
os mais próximos colegas.
não me importa aqui o assunto.
importa-me como ele me escolheu
ali naquele momento para um
breve desabafo, com o qual eu
soube compartilhar meras
sensações - ou trocar impressões.
lembro-me ao fim de eu dizendo:
assim como os chefes escolhem
seus subordinados, os subordinados
escolhem seus chefes. você não deve
esquecer-se disso, é disso que se
faz a relação patrão-empregado
ou chefe-subordinado. de um
mútuo reconhecimento.
não sei de onde tudo isso surgiu.
mas sei que eu o disse.
sabedoria, nada. apenas estranho
como deixei-me tanto tempo
dominar por um tão elevado
sentimento de desprazer
COMIGO MESMO.
#
foram-se anos maltratando
a mim mesmo, implorando
ser aceito por mim mesmo
para que ao fim de tudo
eu reparasse que só eu
mesmo, só eu existia aqui
ao meu lado, que ninguém
valia tanto esforço, por tão
pouco, por tão mísero pouco.
o cadu, fazendo o que lhe deve,
ajuda a que eu consiga me
libertar de tanto mas tanto
esforço infrutífero de achar-se
aceito - sem aceitar-se primeiro.
tudo agora ao que parece
virá mais leve e mais rápido
ao mesmo tempo. como nos
filmes, em que o desenrolar
vale mais do que o final,
como na vida, de que
é preciso participar, antes
de vencer no final. bonito,
viver. raro, para mim.
#
passo o dia reparando nas fotos
que tirei da cris e de mim
no parque do povo, lá perto da cidade
jardim. os dois deitados, lado a lado,
tomando um sol de fim de tarde.
parecendo dois mortos num jardim.
tirando aquela foto em que a cris
me observa, de lado, virando o rosto.
não posso negar que o pensamento
da morte domina os meus dias,
como se eu estivesse o tempo todo
passando por momentos fadados
a morrer em si mesmos,
a virarem cinza, feia cinza.
por outro lado
não posso negar
que os dias que se passam
têm sido felizes, os dois cada
dia mais juntos, o sexo mais
prazeroso, mais brincalhão,
os espaços - de um e de outro -
mais respeitados. mais e em
maior quantidade. mais
enlaces, eu diria, na falta
de uma palavra melhor.
é uma teia - já construída -
sendo reconstruída,
aos poucos, pelos dois, pelo mundo.
sofro demais com o pensamento
do fim, de qualquer fim,
e agora que o fim se afasta,
e se deus quiser
agora que o fim se torna
um desastre não mais iminente,
agora ao que parece
começo a simplesmente viver.
amanhã e depois - dois dias, tornados
três - ela vai trabalhar fora,
num hotel, pago pela empresa.
sinto saudade, sim, mas sinto
mais saudade de mim mesmo,
do eu que se mantém aqui,
e que gostaria mais de estar lá.
(não sei bem o que
quero eu dizer com isto acima,
mas vá lá, eu já disse).
#
tá lá.
#
logo postarei em blog exclusivo para isso
aosqueficam.blogspot.com
o texto de minha próxima (a apresentar)
mini-peça.
&
pensando naquilo que poderia ter feito
se
passamos os dias e noites sentindo
o frio, o calor, a nebulosidade da vida
e não podemos fazer quase nada
com o que conseguimos,
cá entre nós,
quase nada realmente.
prefiro passar a noite em claro
ouvindo a cris tossir, e ela acha
que precisa pedir desculpas,
preocupado eu,
mas ainda a convenço a irmos novamente
a um médico próximo ao analista,
à analista,
creio que a convenço, será,
mas vivo mais quanto menos vivo,
vivo mais comigo quando menos
me deixo ensimesmar nesse meu
potencial inesgotável, como o de todos,
simplesmente minhas decepções foram
parece
mais marcantes e patentes que as
dos outros.
e leio o inominável e como
não poderia deixar de ser
quase me deixo engolfar pela
leitura acadêmica, quando
o que mais me atrai a tudo
é simplesmente o tom de graça
que ouço, dele, mesmo em tradução,
talvez seja boa, nunca vi uma
tradução realmente boa. nunca.
falta de oportunidade, talvez.
meu destino como tradutor
traidor. realmente traidor.
#
sinto nojo
como há bastante tempo não sentia
ao trocar as pedrinhas do cocô
da mim, a gata
de minha sogra.
vocês sabem,
são aquelas pedrinhas que servem
de aglutinante a xixi e cocô de pets
civilizados, esses que fazem
onde se lhes é dito que devem.
mas o nojo que sinto quase
me faz vomitar, e me sinto
meio que mais vivo naquele momento,
puxa, será que é disso que minha vida
necessita, de mais vida vivida,
talvez, acho que sim.
e vivemos
a cris e eu
mais dessa vida vivida
ao sofrer no hospital santa marina,
sendo destratada - ela - por médico
mal-educado (com hífen? sem hífen?),
e eu a tentar ajudá-la,
sem conseguir muito.
menos um dia.
#
crio o blog
contreradepressed.blogspot.com,´
só para não assoberbar quem me lê
de pensamentos e mais pensamentos
decaídos, de quem não sabe
mais a que veio, a que vem, todo dia,
enquanto estes dias correm,
enquanto eles não acabam.
#
lúcio, querido
vc vê o que mal existe...
&
Penetralia said...
Oi, Rodrigo! Te reencontro a partir do blog do Gt.
Deixe poesia e cultura mesmo!
essa disposição tá tão poética.
#
o gerald me inclui nos seus links favoritos
e coloca lá, como identificadores,
"poesia e cultura". é curioso como
meu estilo, de colocar tudo
simplesmente centralizado
parece poesia, e não é.
longe de mim tratar a poesia
de uma forma assim meio estranha
mas também nada para mim é tão
sagrado assim. simplesmente
os ditos aqui são centralizados,
só isso. mas é como tudo, hoje.
você diz uma coisa, e a pessoa
vê e entende o que quer ver.
#
são momentos simples, singelos,
que passamos juntos abraçados
ou quase.
que seria de mim sem
esses momentos, que tanto
fazem falta quando nada mais
ocupa o lugar da felicidade.
entendo o ponto de vista
- passado, no que me diz respeito -
daqueles que não sentem o amor.
eu sinto-o, de veras,
e não deixa de ser o que mais eu sinto.
conto à ana luíza, da cultura,
isso que diz respeito ao amor
mas ela não se comove, pelo que noto.
diria eu que não é fácil
chegar ao ponto em que já cheguei
há muito. o ponto do no return.
mas agora eu volto, repasso
a vida que ainda temos a viver
conosco, conosco mesmos.
#
compro o inominável,
mais pelo texto explicativo?
não, não bem isso.
e encontro o caetano vilela,
pergunto-lhe como vai a peça do
stoppard, e ele me diz que prefere
outros sescs aos que lhe indicam,
e lhe passo meu cel como contato
para quando começarem os ensaios.
quem sabe rola novamente
eu me meter no metier
pela via dos fundos.
não sei. nada de via dos fundos.
o que quero é ver TUDO por
outras vias que não as tradicionais.
#
tudo
são explicações incompletas.
tudo deixa atrás de si umas marcas
a que não consigo fazer jus.
tento me concentrar e
não consigo - por mim e por eles.
minha última sessão rolou difícil,
difícil, realmente, mas rolou
e ficaram marcas tênues de problemas
a enfrentar, de dilemas a solucionar.
#
explico
tento
o que me acontece.
trabalho onde nada mais me satisfaz.
vivo com quem amo, mas como pouco
me satisfaz é como se vivesse um tempo
passado, águas que não levam longe,
e me sinto estorvando, como no livro
do chico, aquele primeiro,
que ganhei da minha irmã.
aquilo que fazia sentido em minha vida
era o teatro -
minto, era a exposição
de minha subjetividade.
mas hoje isso é muito pouco -
pouco DEMENOS. excessivamente
pouco, tão pouco que mal me agüento (com trema).
agora a cris volta para casa
e eu espero o trânsito passar
para ir embora
mas o trânsito não vai mais passar
- sou eu que passo por ele.
preciso dar um jeito na minha vida -
antes que ela dê um jeito em mim.
#
meus sentimentos são demasiado dúbios
com respeito a tudo o que me acontece
que eu não sei mais o que fazer. ficar ou ir,
tanto faz para mim, agora. estou realmente
perdido, não sei para onde vou, o que faço,
o que deixo de fazer. não sei mais nada,
a meu respeito, a respeito do que me rodeia,
nada, praticamente nada. e eis que descubro
tudo, praticamente tudo.
descubro por exemplo
que aquele meu colega simplesmente
acabou batendo de frente com uma
situação que ele não topava mais topar.
saiu por discordância, e ele ao que
parece não se faz de rogado ao deixar
isso claro, aos poucos que olham
nos olhos deles, lá na profundeza
da alma dos outros. descubro
isso conversando com o bruno,
outro que sai, mas também por
perceber que a orientação não
levava muito longe,
sai não por discordância,
sai mais por exaustão.
digo isso a alguma, e deixo bem
claro aqui que a vida é assim.
eu fico meio desolado, meio é foda,
mas fico apenas MEIO desolado,
mas é a vida, como vai, como fica.
lúcio,
eu coloquei toda minha obra atual
num blog por aí. logo te mando
um convite e você poderá ter acesso
a tudo, são 13 mini peças, e falta
colocar ainda a primeira,
aquela que iria virar outra coisa,
mas que na hora não virou muito mais
do que apenas as palavras jogadas.
logo te mando o convite.
#
mas eu aos poucos
muito aos poucos, quase
imperceptivelmente, quase
sem querer, mas com toda a vontade
de querer, de desejar mesmo,
me boicoto. boicoto quem me apóia
e anima, me boicoto. não sei por quê.
como se tudo o que acontecesse
eu realmente negasse que em mim
está acontecendo. como se as
pessoas ao meu redor não existissem.
e existem? não sei. sei que estou
e mal estou aqui, estou mal, inclusive,
mal, com mal-estar de estar aqui.
eu não perderia meu tempo aqui
dizendo isto que digo se isto
que digo
não fosse a maior realidade,
aquela que define meus dias e noites,
aquela que me faz querer viver ou morrer
quando no fundo nós só vivemos e só morremos
- tudo ao mesmo tempo. tudo.
ao
mesmo
tempo.
#
almoço com os colegas
mas, ao contrário de antes,
não me deixo dominar pela
vontade de participar.
participo ou não, a variar
do humor. e percebo
como de vez em quando
- poucas vezes, umas duas -
colegas ao improviso buscam
meu olhar de aprovação
sei lá sobre quê, futebol não
seria. e na hora aceito,
coloco meu ponto, mas
não entendo muito bem -
reflito depois. agora, neste
exato momento. e como ao
final o raphael, o rappa,
engata uma terceira, escolhendo-me
para desabafar contra aquilo que
certas outras presenças fazem
e como com isso elas desagradam
os mais próximos colegas.
não me importa aqui o assunto.
importa-me como ele me escolheu
ali naquele momento para um
breve desabafo, com o qual eu
soube compartilhar meras
sensações - ou trocar impressões.
lembro-me ao fim de eu dizendo:
assim como os chefes escolhem
seus subordinados, os subordinados
escolhem seus chefes. você não deve
esquecer-se disso, é disso que se
faz a relação patrão-empregado
ou chefe-subordinado. de um
mútuo reconhecimento.
não sei de onde tudo isso surgiu.
mas sei que eu o disse.
sabedoria, nada. apenas estranho
como deixei-me tanto tempo
dominar por um tão elevado
sentimento de desprazer
COMIGO MESMO.
#
foram-se anos maltratando
a mim mesmo, implorando
ser aceito por mim mesmo
para que ao fim de tudo
eu reparasse que só eu
mesmo, só eu existia aqui
ao meu lado, que ninguém
valia tanto esforço, por tão
pouco, por tão mísero pouco.
o cadu, fazendo o que lhe deve,
ajuda a que eu consiga me
libertar de tanto mas tanto
esforço infrutífero de achar-se
aceito - sem aceitar-se primeiro.
tudo agora ao que parece
virá mais leve e mais rápido
ao mesmo tempo. como nos
filmes, em que o desenrolar
vale mais do que o final,
como na vida, de que
é preciso participar, antes
de vencer no final. bonito,
viver. raro, para mim.
#
passo o dia reparando nas fotos
que tirei da cris e de mim
no parque do povo, lá perto da cidade
jardim. os dois deitados, lado a lado,
tomando um sol de fim de tarde.
parecendo dois mortos num jardim.
tirando aquela foto em que a cris
me observa, de lado, virando o rosto.
não posso negar que o pensamento
da morte domina os meus dias,
como se eu estivesse o tempo todo
passando por momentos fadados
a morrer em si mesmos,
a virarem cinza, feia cinza.
por outro lado
não posso negar
que os dias que se passam
têm sido felizes, os dois cada
dia mais juntos, o sexo mais
prazeroso, mais brincalhão,
os espaços - de um e de outro -
mais respeitados. mais e em
maior quantidade. mais
enlaces, eu diria, na falta
de uma palavra melhor.
é uma teia - já construída -
sendo reconstruída,
aos poucos, pelos dois, pelo mundo.
sofro demais com o pensamento
do fim, de qualquer fim,
e agora que o fim se afasta,
e se deus quiser
agora que o fim se torna
um desastre não mais iminente,
agora ao que parece
começo a simplesmente viver.
amanhã e depois - dois dias, tornados
três - ela vai trabalhar fora,
num hotel, pago pela empresa.
sinto saudade, sim, mas sinto
mais saudade de mim mesmo,
do eu que se mantém aqui,
e que gostaria mais de estar lá.
(não sei bem o que
quero eu dizer com isto acima,
mas vá lá, eu já disse).
#
tá lá.
#
logo postarei em blog exclusivo para isso
aosqueficam.blogspot.com
o texto de minha próxima (a apresentar)
mini-peça.
&
Lúcio disse:
Rodrigo, use a frase que eu ouvi do pároco
ontem eu sua peça: a morte é um dom,
a morte é uma gostosura.
&
Lúcio disse:
Postei o texto sobre vc na Usina.
#
como anuncio ao Lúcio
esta peça, a última, trata da morte.
mas não da morte como sentida de fora.
a morte mais sentida de dentro.
a morte mais real que nos atinge todos os dias.
mas não acho que valha a pena
falarmos de assuntos a sério.
por isso a peça é uma comédia.
uma tragicomédia?
não tanto. não tanto.
não tanta seriedade. para quê.
#
a nova peça assume forma final.
se eu quiser fazê-la como se deve, requererá
uma dedicação nada desprezível.
desde já digo que preciso de atores.
ontem quem sabe tenha encontrado um.
quem sabe. quem sabe não.
são só os desesperados em busca
de uma tábua com a qual sintam
que podem se salvar.
não existem tábuas, hoje.
#
disponho ao Lúcio
todas as anotações que fiz ao texto dele.
sei que isso não bastaria.
ele quer que eu fale sobre a reificação.
é como se ele estivesse querendo aplicar
um SENTIDO àquilo que rola na peça
e no palco, e talvez na vida.
não nego, mas não afirmo.
é uma leitura, bonita, até;
mas não existem leituras finais.
neste caso, pela própria noção de
que algo seria - com a peça - trazido à
consciência; não dou tanta importância a esta.
#
Lúcio:
vá aos comentáriosdocontrera, ao teu texto.
vc irá perceber, com o tempo,
a inclusão de notas com {}.
ao final, pequenas "correções".
com o tempo vou incluí-las, ok.
é isso.
#
Penetralia said...
Sobre o bar: é um bar onde vão acadêmicos e pessoal
"hip" como ele disse.
Ele morou 22 anos no bairro de Williamsbourg,
achei que tinha a ver.
No artigo sobre sua peça deve ter muito isso, né?
Comecemos com um ponto: vc
concorda com a parte da reificação?
&
Penetralia said...
Oi, publique aqui a crítica da crítica crítica.
Só não pode ser: Rodrigo Contrera morreu.
#
releio o texto do lúcio jr,
e cometo uma série de
impropriedades, ao criticar a
própria crítica.
penso se envio o arquivo a ele.
não sei.
não me sinto bem com isso.
pelo menos ficará comigo,
como recordação de certo
criticismo matreiro.
#
precisarei agora
dispensar mais cuidado
ao figurino,
pois esteticamente
é legal causar boa impressão.
convido ator pelo celular.
mas ele não responde.
é o amadeu, da época do gerald.
gosto dele, é forte,
pode causar boa impressão.
amanhã está marcado com o rafa.
precisaremos ir à cata de novos
rostos, novas faces.
#
termino "aos que ficam".
irei solicitar ao berton
que verta uma carta ao inglês,
pois não posso causar má impressão
ao solicitar permissão para colocar
uma música do braxton na peça.
de resto, leio o texto
ao wagner, meu porteiro,
e ele gosta muito.
é animador ver os olhos
de quem se deixa afetar pelo texto
- apenas pelo texto.
mas ele compreende demais,
até quase no exagero,
ao ponto que me faz repensar
se eu tenho de lutar
para ser até certo ponto
acessível. creio que não.
#
o paulo berton faz diferente.
prefere ater-se àquilo que sente,
que vê e que sente,
e faz um texto bem mais comedido
pelo menos a primeira parte,
repleta de encômios,
que me surpreendem pois
não estou realmente com a bola
toda. não mesmo, não mesmo.
mas gosto também da iniciativa.
será mais um a manter informado.
ah, amanhã reunir-me-ei
com o rafa para discutirmos
a próxima peça.
pretendo levar algo?
não sei. acho que sim.
algo precisa ficar mais sério,
para que eu consiga realmente vender
a desnecessidade de tanta seriedade
por aí. só assim quem sabe
consiga vender o meu peixe.
#
enquanto o dia andava,
eu lia o trabalho que o lúcio teve
em tentar transformar o que fiz
em algo que pudesse motivar um ensaio.
tudo muito interessante.
mas não sei se gosto de me ver assim,
distante, num trabalho que visa
reaproximar-me do todo.
gosto, sim. não nego. mas
algo me afasta, por outro lado.
o que seria, não imagino.
nessa dúvida, chego até
a rascunhar, como comentários,
espécies de "acertos" e "erros",
mas não gosto do que faço, desse tipo
de censura, realmente, é uma censura.
o lúcio soube transportar-me a um tempo
mais acadêmico, mais sisudo, menos
dramatúrgico, refiro-me ao palco.
simplesmente ele teve coragem de
me ler e me ver com os olhos de
outros, também. aprecio o gesto.
#
não entendo, lúcio,
por que você escolhe assuntos
como esse miss favela, que deve ser lá mesmo,
simplesmente o gerald nunca deve ter
passado por lá.
mas tudo bem. e se for, eu me pergunto?
desculpe, lúcio, por qualquer coisa.
#
não, lúcio, isto não são formas de poema.
isto não é nada.
é só uma forma de colocar
tudo
centralizado.
quem vê pensa que é
o que não é, por quem
pensa que faz.
#
enquanto isso,
a vida continua.
&
Penetralia said...
Oi, Contrera. Q bom q recebeu.
Olha, estou indo a SP e voltando no dia seguinte.
Precariedades econômicas. Senão ia ver sua peça, a blognovela,
etc.
O Zé Pedro tinha um tal de Oxounosso que uma aluna
riponga da UNESP me falou que era o oxoudele.
Alguns alunos implicam com ele.
A hippie disse que em 2002 ele fez um show
em homenagem à Semana de Arte Moderna
e trouxe um travesti amigo dele para o show.
Daí a platéia se revoltou
e virou as costas para o show.
A aluna (chamada Sol ou Morango)
falava dele como de uma pessoa chata, repugnante,
pondo o dedo na boca, mas achei que ele
foi genial em provocar polêmica nos cinquenta anos
da Semana...
Abraços do Lúcio Jr.
&
Oi, Rodrigo.
Estou gostando dessa disposição em forma
de poema.
Vc viu essa da Miss Favela no blog do Gerald?
Eu falei desse bar em Williamsbourg.
GT me corrigiu, disse que Williamsbourg não era
onde eu estava falando.
Daí procurei no google maps...
o bar é ao lado da ponte de Williambsboorg,
será que não é
lá?
#
leio "sobre" mim -
menos, leio "sobre" minha obra -
menos, leio "sobre" uma obra das minhas.
vejo-me distante.
tento aproximar-me.
tento?
&
Penetralia said...
Oi, Rodrigo. Você não recebeu o texto até hoje por e-mail ainda não?
A Questão de Crítica tá meio enrolada mesmo.
Se não tiver, me dê notícias.
Se quiser pode me ligar amanhã, domingo,
e a gente conversa um pouco:
37 3 522 7818.
Lá em Campinas ouvi falar do Zé Pedro.
Ele escreve num jornal chamado Tribuna Impressa,
tá na web, mas ele não responde comentários.
Aí desisti.
#
"quando era jovem, eu não tinha
consciência do contexto histórico à minha
volta. Passaram-se décadas para que eu
pudesse dizer, ah, foi isto que aconteceu
então"
philip roth,
a lúcia guimarães (estadão, 14/6/09)
se com ele foi assim,
como não deve ser conosco?
e tem gente que ainda se diz
inteirado para opinar...
#
tentando tirar a melodia de godfather,
reparo que a mera tentativa é algo que
motiva, por estar no registro do possível
mas não do certo.
essas tentativas, que ficam engraçadas,
motivam-me a usá-las no palco.
esse algo aproxima o que faz um braxton
disso que posso eu, um ninguém,
fazer nisso que me atormenta.
no palco. continuarei tentando.
#
mas há algo de doentio em tudo isto.
como que a intenção de provar algo
com meus investimentos em algo que é do teatro.
como que para provar que estou por dentro.
como que para provar que algo de ruim
NÃO me aconteceu. que não deixei de fazer parte
da trupe que pensa. da usp, em suma.
não é verdade. preciso ainda achar
meu lugar no mundo. não é este,
mas também não é esse que eu vivo,
hoje, atualmente. preciso encontrar
meu lugar. esse lugar precisa querer dizer
-me ALGO, o quanto antes.
se não enlouqueço.
#
encontro no usina de letras:
era zé pedro antunes, o germanista que tanto
nos atraía, à kilandra, ao lúcio e a mim,
o dileto professor que tanto traduzia
por traduzir, pelo encanto da atividade
e do contato com o outro.
mas há cinco anos pelo menos ele
também deixou a fase para trás.
no wikipedia, meu perfil tem essas três fases:
textos antigos: usina de letras
textos secundários: comentáriosdocontrera
textos principais: este blog.
claro que os textos realmente
estão em outro lugar.
refiro-me às peças, claro.
e aos estudos, que tenho - mas são poucos
e muito mal-feitos, mas vão sempre
na direção certa, nessa em que ainda invisto.
"quando era jovem, eu não tinha
consciência do contexto histórico à minha
volta. Passaram-se décadas para que eu
pudesse dizer, ah, foi isto que aconteceu
então"
philip roth,
a lúcia guimarães (estadão, 14/6/09)
se com ele foi assim,
como não deve ser conosco?
e tem gente que ainda se diz
inteirado para opinar...
#
tentando tirar a melodia de godfather,
reparo que a mera tentativa é algo que
motiva, por estar no registro do possível
mas não do certo.
essas tentativas, que ficam engraçadas,
motivam-me a usá-las no palco.
esse algo aproxima o que faz um braxton
disso que posso eu, um ninguém,
fazer nisso que me atormenta.
no palco. continuarei tentando.
#
mas há algo de doentio em tudo isto.
como que a intenção de provar algo
com meus investimentos em algo que é do teatro.
como que para provar que estou por dentro.
como que para provar que algo de ruim
NÃO me aconteceu. que não deixei de fazer parte
da trupe que pensa. da usp, em suma.
não é verdade. preciso ainda achar
meu lugar no mundo. não é este,
mas também não é esse que eu vivo,
hoje, atualmente. preciso encontrar
meu lugar. esse lugar precisa querer dizer
-me ALGO, o quanto antes.
se não enlouqueço.
#
encontro no usina de letras:
era zé pedro antunes, o germanista que tanto
nos atraía, à kilandra, ao lúcio e a mim,
o dileto professor que tanto traduzia
por traduzir, pelo encanto da atividade
e do contato com o outro.
mas há cinco anos pelo menos ele
também deixou a fase para trás.
no wikipedia, meu perfil tem essas três fases:
textos antigos: usina de letras
textos secundários: comentáriosdocontrera
textos principais: este blog.
claro que os textos realmente
estão em outro lugar.
refiro-me às peças, claro.
e aos estudos, que tenho - mas são poucos
e muito mal-feitos, mas vão sempre
na direção certa, nessa em que ainda invisto.
#
mantenho tudo no mesmo post
porque este blog irá realmente assumir um papel
essencial, a partir de agora.
mantenho tudo pois estamos diante do limite
de 1000 posts. e nele estará minha vida,
refletida e em tempo real.
as peças estarão claro em outros lugares.
e o comentários do contrera apenas
congrega o que falam de mim, ou algo
do que faço para os outros.
mas sempre algo de certa forma
terceirizado, colocado como que em
terceira pessoa.
#
consigo o contato com hildegard kleeb.
logo lhe peço autorização para tocá-la na peça que crio.
mas fico sem jeito, demais. não quero ouvir um não.
preciso também melhorar o meu inglês, ao menos
o do contato. não posso causar vexame.
não estou à altura disso. não mais.
#
crio, crio, e converso com o raffa, já sabendo
mais ou menos
para que lado nós vamos.
ele percebe que estou introjetado demais
para nisto que crio
dar espaço a mais alguém.
mas é o jeito, quero tanto também
criar com alguém. mas tudo é muito rasteiro,
demais, demais, demais. de menos.
#
passo o dia ocupado lendo lehmann, teatro pós-
dramático. e reparo em quão tímidas parecem
as conquistas depois de pensadas, refletidas.
é o pensamento, sempre atrasado.
é esse algo de atraso que me faz decepcionado
com os seres pensantes. daí minha aposta
pelos seres sentintes, pelos artistas.
com eles vamos mais rápido ao ponto que
nos interessa.
#
enviada (abaixo).
o material está em comentariosdocontrera.blogspot.com
#
o luther me encontra, nos encontramos,
e fico de passar a ele minha outra peça,
aquela da segunda satyrianas,
a que eu fiz para o josuel.
colocando uma e outra nota,
um e outro intervalo,
logo estará pronta.
talvez vá numa próxima allgazarra.
é um fãzine.
#
meu lado CDF se anima
com a cult sobre o habermas.
compro-a, mas mais de uma vez percebo
que nesse meu afã de novamente fazer parte
- fazer parte de nada, de qualquer preocupação -
navego novamente contra a corrrente
de meus sentimentos. é preciso aceitar
o que se sofre, o que se é.
#
triste com o pássaro sozinho
reparo que a cris fica triste com o pássaro aí,
com o simples fato de o pássaro estar aqui.
pois ele sofre em estar engaiolado,
e ela percebe o sofrimento muito melhor que eu.
irei dá-lo, libertá-lo, não sei.
irei fazer algo. é preciso fazer ALGO.
não podemos ALUGAR a natureza
por medo de uma solidão tão nossa,
TÃO NOSSA.
#
nossa incapacidade de ser
e de influenciar o mundo que É
faz parte disso TUDO que eu tenho a DIZER.
pela terceira vez isso será o centro do
eXpectáculo a passar numa hora qualquer
da madrugada.
como SEMPRE, eu não busco com ele
protagonismo.
SOMOS realmente NINGUÉM.
por que fingirmos o oposto,
por que fingirmos que conosco seria diferente?
conosco ou sem nosco tantôfaz.
#
conversamos o rafa e eu sobre algo que podemos fazer
para as satyrianas. animo-me rapidamente.
irei bolar algo a respeito.
mas por algum motivo também desanimo;
pois o tempo é tão pouco, e tanto.
é como reclamar dos recursos:
tão poucos e tanto a fazer.
#
meu relacionamento com a política
é em certa medida cínico.
sei de sua importância, da política;
tanto sei que na medida do possível
dela participo - dando opiniões ou mesmo
mandando como síndico - primeiro cargo
político por excelência;
mas desprezo essa mania da classe média
de valorizar os tais "direitos" de participação;
pois considero que o que todos querem,
em certa medida, é que os outros,
alguns outros, os não-amigos,
não participem; e o que querem os outros?
privilégios, quase sempre.
os que querem a política para fazer algo
de melhor para todos são em número
e variedade ínfimos.
e embora não seja assim que tenha de ser
assim é que é, mesmo em nossa democracia.
#
"the objects are situated without any
obvious relationship
to each other"
em Instalação O quarto, minha instalação
- por hora - frustrada, ou melhor,
em uma de minhas tentativas de
dispor em espaço cênico - ou artístico -
algo que eu sentia
havia esse perigo que handke distingue
aqui, neste trecho de Kaspar.
mas eu não o via. ou se o via
não era com a importância que ele assume
aqui, nesta obra.
serve-me para prestar mais atenção.
#
há algo tão interessante na rua,
em sua diversidade, em sua pulsão,
que não consigo me afastar de sua
RE presentação - há algo de tão
ESPONTÂNEO em tudo -,
algo que se perde em todos ou quase todos
os outros níveis. mas não me deixo levar, também.
teatro é teatro. trabalho é trabalho.
mas gosto da idéia de reproduzir OS SONS
de uma feira, com todos os significados
decorrentes. logo irei fazer isso. talvez coloque
algo assim nessa pecinha das satyrianas 2009.
onde eu existo.
#
"They will not experience a story
but watch a theatrical event".
algo em mim impele-me a ISTO.
mas não apenas.
é como se eu quisesse reproduzir
- REPRODUZIR -
RE - PRODUZIR
no teatro algo que SINTO na RUA.
não me sinto tão abstracionista
quanto um handke.
não me sinto tão pretencioso, também.
mas essa minha pequena crítica é deslocada,
também.
não sou de criticar nada, neste sentido.
#
"Can Kaspar do something against other
sentences with his sentence?"
sinto um calafrio. medo.
é como eu me sinto.
"Can Kaspar, by means of sentences,
make his contribution
to the great community of sentences?"
agora sinto solidão. uma das maiores.
"Who is Kaspar now? Kaspar, who is now Kaspar?
What is now, Kaspar? What is now Kaspar, Kaspar?
recurso antiquado, esse.
ISSO é algo que NÃO quero.
o tipo de recurso dramatúrgico
mais do que passado.
#
não, lúcio, não coloco os vídeos aqui
primeiro porque não sei como fazê-lo.
segundo porque qualquer um com acesso
a youtube chega perto - e você pode.
terceiro porque se você realmente quer
você vai conseguir chegar lá.
um dia você virá a sampa e eu te mostrarei
a peça gravada - pois a encenação está comigo.
mas acredito que se você realmente aposta em
algo em mim
você não se limitará a
pensar de longe.
o que eu sei é que minhas vias
estão se esgotando.
por enquanto.
#
o trânsito engarrafado por vezes é a ocasião
certeira para eu dispensar esforços em CURTIR
o que há de difícil/curtível das peças/obras
mais difíceis do braxton.
mas hoje não é necessário.
quase consigo captar TUDO.
mas em meu afã por traduzir delas
algo na prática do tablado,
não consigo NADA. elas não me remetem a nada.
exceto àquilo que a oficina da silvia leblon
me mostrou: os movimentos/motivos do palhaço.
quero uma CORRESPONDÊNCIA.
quero traduzir a complexidade em
movimento.
tenho uma necessidade mórbida disso.
#
em minha busca por algo mais a mais,
leio handke, esse que o zé .... (lá da unesp, lúcio)
deve conhecer muito bem, ao menos em traduções.
mas eu tenho de me haver com o inglês de suas peças.
o alemão por enquanto não consigo voltar a encarar.
mas algo NÃO me atrai nele, em seu esforço.
algo me impele à VIDA. à RUA. a vida de todos nós.
mas é POUCO esse ALGO.
#
como que tendo desistido do ensino,
por como que tendo sido expulso dessa boquinha,
eu meti na minha cabeça que seria na arte
que eu dispenderia meus esforços para brilhar.
acho que foi isso.
#
o meu nervosismo foi a tal ponto
ontem
que à noite o meu pé começava a querer
ficar enviesado, doendo que nem
um condenado. tive de retê-lo por baixo
do outro, como se fosse um bicho
a ser mantido quieto. consegui, ao menos.
realmente eu detesto aquele tipo de
reunião em que muitos não contêm os
próprios comentários, antes mesmo de
saberem o que diabos está acontecendo.
bate-boca é necessário, contudo,
nesses casos. e lá vou eu tomar café
adoidado, como se isso pudesse de alguma forma
me ajudar. impressão, apenas.
mas em algo me sinto à vontade,
como se ali nesse tipo de reunião
eu pudesse realmente ser quem sou,
e isso de fato acontece.
sinto-me no tablado, outro, não o das artes,
mas num tablado, realmente. como se estivesse
desempenhando
uma função, um lugar específico.
torno-me relevante, também.
torno-me alguém. eu que sempre sinto-me
ninguém, como em minhas peças.
os ninguém são o cerne do que vejo no mundo,
claro, e como sinto - para viver com plenitude
- que isso precisa mudar...
é o complexo do tapete puxado dos pés.
ou do tapete puxado por mim mesmo
dos meus próprios pés.
#
algo de interessante ocorre
quando rememoro as obras numeradas
do braxton, pela kleeb.
não consigo assobiá-las, claro,
mas elas aparecem e misturam-se entre si.
é como se sua particularidade
enquanto contemporâneas
obrigasse a que elas se relacionassem
até um determinado momento em que
elas encontram cada uma seu lugar.
claro que toda essa especificidade
ocorre nas profundezas de minha mente,
que é de onde eu vou falando.
refiro-me agora ao lúcio:
você precisa ouvir, cara, você precisaria
entender como esse fenômeno acontece.
dessa forma você quiçá entenderia melhor
por que toda leitura, marcada por referências,
acaba sendo sempre insuficiente,
por que é preciso olhar por dentro,
do organismo vivo, é aquilo a que me refiro.
não vejo a hora, contudo, em ler teu
ensaio a meu respeito - digo, ato falho,
de minha obra.
prometa-me que caso não saia
publicado você irá passá-lo a mim.
ah, sim, a kilandra chama-se
fernanda, é um amor de pessoa,
formada em letras italiano e em busca de trampo.
um dia falo a ela de você. e de nós (upa).
#
tudo hoje gira em torno
da redescoberta de mim mesmo,
da reaproximação com esse que jazia,
ao meu lado, à minha frente,
sem eu perceber, sem eu me dar conta,
e da reaproximação com os outros,
a partir daí, a partir daí
com aquilo que agora eu construo
como se estivesse edificando uma obra
complexa, repleta de reentrâncias,
reentrâncias que eu mal conheço,
um constructo vivo, realmente vivo.
e eis que ele só pode ser construído
aos poucos, muito aos poucos, como
alguns constróem peças musicais,
outros filmes, outros ensaios -
como o lúcio jr. -, como todos os
que se sabem work in progress.
a especificidade do meu caso
está em que a obra sou eu mesmo.
construído ao mesmo tempo em
que descubro o mundo dos outros.^
"você passou a vida estudando e trabalhando.
chegou a hora de viver", era o que
os espíritos me diziam. sei que muitos
não acreditam. não importa. mesmo.
#
o conserto da caixa do meu baixo
traz-me de novo aquela sonoridade
suja que puxa ao rock-metal de outrora.
encontro pequeno motivo que
me acompanha a noite que começa.
irei sonhar ouvindo os "acordes" (?).
para depois esquecê-los.
#
os olhos da segurança, indo de lá para cá.
a figura "destartaláa" (isto é idioleto chileno)
de uma mulher-homem carregando cartaz-seta.
uma mulher-homem-cartaz.
como aqueles do centrão de são paulo.
"vou chamar a federal", do sujeito na loja.
três míseras conquistas, a se tornarem
pontos de apoio em futura peça.
não à toa irão depois dizer que
a influência do gerald é marcante.
agora sei como ele chega, em parte,
àquilo a que chega.
#
houve realmente época em que
Messiaen doía aos meus ouvidos.
não mais. ao menos as peças para piano que já citei.
chegam a ser fáceis de ouvi-las, pasmo.
nem busco mais qualquer decifração.
é realmente uma aventura - prazerosa, de fato.
#
"beyond quantum", de braxton e outros, é como
aquele tipo de reunião de cérebros insuspeitos
que se largam a debater sobre assuntos realmente
avançados e que deixam os outros embasbacados
com tanta expertise em seus devidos campos.
é um encontro (meeting) realmente avassalador
mas que a mim - que busco uma nova linguagem, e
por vezes encontro - não me diz TANTO assim.
não posso dizer que seja o que busco, hoje,
muito embora me dê um prazer imenso escutá-lo.
como gosto por vezes de acompanhar
debates entre cérebros insuspeitos.
como se eu conseguisse acompanhá-los.
mas o que a música me dá é a capacidade de acompanhar
SEM ENTENDER. simplesmente pelo mero FRUIR.
#
Esta é apenas uma mostra * de como tudo anda
realmente rápido nos dias de hoje.
Por que, então, nos atermos ao passado?
Por que, então, nos diminuirmos face aquilo que
muitas vezes apenas não entendemos?
Por que temos de colocar o que já foi
antes de nós
se muitas vezes no nosso interior
habita um nós muito mais complexo
e interessante do que muito
do que há ao nosso dispor
e que nem tempo temos de desfrutar?
O artista por excelência dominava seu metier, sim,
mas antes de mais nada dominava sua expressão,
a expressão do seu corpo,
do seu meio,
ou do que ele dispusesse como tal.
* o post deveria ter sido publicado, enviado por email.
tecnologia obsoleta, hoje. mas para mim ainda
(de certa forma) revolucionária.
#
ouço, na íntegra, composições difíceis
- mas não as mais difíceis -
de braxton, e deixo reservado lançamento
de 2008, dele, mas em trio.
ouço-as enquanto a cris e eu ajudamos
a tomar conta do pedrinho,
nosso sobrinho, no carrefour aqui nas vizinhanças. e reparo
como nos acostumamos a criar cenas
em conjunção com a música.
algo que não precisa sair desse jeito.
podemos, porque podemos,
simplesmente opor uma à outra, uns aos outros,
pelo simples curtir da oposição.
mas as peças parecem reservadas a mensagens,
positivas ou negativas.
não à simples fruição da arte.
em algo a respeito tentarei criar alguns atos.
em algo que pode parecer cacofonia, mas que,
assim como na música,
refiro-me ao braxton,
assume ou pode assumir sentido singular.
- mas não as mais difíceis -
de braxton, e deixo reservado lançamento
de 2008, dele, mas em trio.
ouço-as enquanto a cris e eu ajudamos
a tomar conta do pedrinho,
nosso sobrinho, no carrefour aqui nas vizinhanças. e reparo
como nos acostumamos a criar cenas
em conjunção com a música.
algo que não precisa sair desse jeito.
podemos, porque podemos,
simplesmente opor uma à outra, uns aos outros,
pelo simples curtir da oposição.
mas as peças parecem reservadas a mensagens,
positivas ou negativas.
não à simples fruição da arte.
em algo a respeito tentarei criar alguns atos.
em algo que pode parecer cacofonia, mas que,
assim como na música,
refiro-me ao braxton,
assume ou pode assumir sentido singular.
&
como sempre, sinto-me diminuído face a presença,
apenas a presença, de líderes de opinião pública
como o dimenstein e a bergamo.
o primeiro simplesmente um homem bem-nascido,
a segunda ex-colega bem construída.
o primeiro, no fnac; a segunda,
ao que parece presidindo o conselho
que cuida do parque do povo.
nós - a cris e eu - já adotamos o parque para nós.
vamos lá jogar bola e andar de skate.
mas como nem somos das vizinhanças, nada podemos apitar.
fica com os bem-nascidos, bem-avizinhados.
#
reviso todos os começos frustrados de peças.
revejo também várias das influências musicais,
que sempre levam a mais e mais peças.
e reparo que muito de novo há de vir.
simplesmente as formas antiquadas que usamos
para descrever emoções não me batem mais.
é preciso encontrar uma nova forma de dizer as mesmas coisas.
não há nada de novo a dizer: mais ou menos.
o mundo anda, galopa e precisamos acompanhá-lo
para conseguirmos acompanhar a nós mesmos.
não somos os mesmos que durante a revolução francesa.
não somos os mesmos, após newton. após einstein.
após tanto de novo que nos avassala sem que o percebamos.
para podermos acompanhar os passos do mundo,
urge que o façamos dispondo de todos os meios
que esta fantástica era dispõe a todos nós.
mas exige também que nos desfaçamos rapidamente
reviso todos os começos frustrados de peças.
revejo também várias das influências musicais,
que sempre levam a mais e mais peças.
e reparo que muito de novo há de vir.
simplesmente as formas antiquadas que usamos
para descrever emoções não me batem mais.
é preciso encontrar uma nova forma de dizer as mesmas coisas.
não há nada de novo a dizer: mais ou menos.
o mundo anda, galopa e precisamos acompanhá-lo
para conseguirmos acompanhar a nós mesmos.
não somos os mesmos que durante a revolução francesa.
não somos os mesmos, após newton. após einstein.
após tanto de novo que nos avassala sem que o percebamos.
para podermos acompanhar os passos do mundo,
urge que o façamos dispondo de todos os meios
que esta fantástica era dispõe a todos nós.
mas exige também que nos desfaçamos rapidamente
disso que nos puxa para trás. nossa criação/formação,
nossos preconceitos, nossa miopia criativa.
#
inverto a ordem das coisas. o mais recente, primeiro.
nossos preconceitos, nossa miopia criativa.
#
inverto a ordem das coisas. o mais recente, primeiro.
#
#
Anthony Braxton, ouço constantemente.
em piano, por hildegard kleeb.
não sei bem por quê. ele é difícil, sim. especialmente as obras extensas, de mais de vinte minutos. mas é um enigma - que pede acompanhamento.
não se pode "compreendê-lo" só de ouvi-lo uma vez. claro que por compreensão não me refiro à sua decifração - não se decifra uma música. refiro-me à aceitação. a aceitar que o que ele faz é superior, em muitos sentidos, àquilo que de bate pronto está sendo feito por aí, na contemporaneidade.
mas, isso é o que mais aprecio, percebe-se sempre nele a intenção de seguir os passos da contemporaneidade. algo há, sim, nele de superior nesse sentido em especial.
meu periquito amarelo continua sozinho. morto o verde, parece capenga. nada. o capengar está em mim. ainda não sei o que farei com ele. mas ele parece se virar na vida. por isso talvez eu o solte. mas não sei. ele me lembra algo de que não quero me recordar. o sofrimento. a dor.
# #
messiaen. catalogue d'oiseaux. martin zehn. não me dói, agora. comprei na época por necessidade de um tipo de afirmação. ainda hoje, essa necessidade como que existe. mas aqui, agora, não. gosto e ouvirei ad nauseam em meu mp3. mas não sinto qualquer referência a pássaro algum. exigir demais, seria. deixo aos especialistas em pássaros e afins.
dream of fair to middling women. beckett. algo me atrai na busca do belacqua.
#
Anthony Braxton, ouço constantemente.
em piano, por hildegard kleeb.
não sei bem por quê. ele é difícil, sim. especialmente as obras extensas, de mais de vinte minutos. mas é um enigma - que pede acompanhamento.
não se pode "compreendê-lo" só de ouvi-lo uma vez. claro que por compreensão não me refiro à sua decifração - não se decifra uma música. refiro-me à aceitação. a aceitar que o que ele faz é superior, em muitos sentidos, àquilo que de bate pronto está sendo feito por aí, na contemporaneidade.
mas, isso é o que mais aprecio, percebe-se sempre nele a intenção de seguir os passos da contemporaneidade. algo há, sim, nele de superior nesse sentido em especial.
@
Penetralia disse...
Jóia, vou lincar vc no blog. Incorpore os vídeos de Arvo Part e aqueles outros eruditos do youtube para esse blog, que tal?
Abraços do Lúcio Jr.
&
o Marco Aurélio Garcia, assessor do Lula, PTistas, passa por mim na cultura paulista. tem uns 4 dvds numa das mãos, a outra também parecia ocupada. passa como se quisesse passar despercebido. lembro-me dele, no episódio do vôo da tam. minto. não lembro dele. lembro do gesto. minto. nem do gesto. comento com uma moça no elevador, enquanto reparo que poderia colocar o episódio neste blogzinho. deixo o epixódio aqui.
14 Comments:
Jóia, vou lincar vc no blog. Incorpore os vídeos de Arvo Part e aqueles outros eruditos do youtube para esse blog, que tal?
Abraços do Lúcio Jr.
Oi, Rodrigo. Você não recebeu o texto até hoje por e-mail ainda não? A Questão de Crítica tá meio enrolada mesmo. Se não tiver, me dê notícias.
Se quiser pode me ligar amanhã, domingo, e a gente conversa um pouco: 37 3 522 7818.
Lá em Campinas ouvi falar do Zé Pedro. Ele escreve num jornal chamado Tribuna Impressa, tá na web, mas ele não responde comentários.
Aí desisti.
Oi, Contrera. Q bom q recebeu.
Olha, estou indo a SP e voltando no dia seguinte. Precariedades econômicas. Senão ia ver sua peça, a blognovela, etc.
O Zé Pedro tinha um tal de Oxounosso que uma aluna riponga da UNESP me falou que era o oxoudele.
Alguns alunos implicam com ele. A hippie disse que em 2002 ele fez um show em homenagem à Semana de Arte Moderna e trouxe um travesti amigo dele para o show. Daí a platéia se revoltou e virou as costas para o show. A aluna (chamada Sol ou Morango) falava dele como de uma pessoa chata, repugnante, pondo o dedo na boca, mas achei que ele foi genial em provocar polêmica nos cinquenta anos da Semana...
Abraços do Lúcio Jr.
Oi, Rodrigo.
Estou gostando dessa disposição em forma de poema.
Vc viu essa da Miss Favela no blog do Gerald? Eu falei desse bar em Williamsbourg. GT me corrigiu, disse que Williamsbourg não era onde eu estava falando.
Daí procurei no google maps...o bar é ao lado da ponte de Williambsboorg, será que não é lá?
Oi, publique aqui a crítica da crítica crítica.
Só não pode ser: Rodrigo Contrera morreu.
Sobre o bar: é um bar onde vão acadêmicos e pessoal "hip" como ele disse. Ele morou 22 anos no bairro de Williamsbourg, achei que tinha a ver.
No artigo sobre sua peça deve ter muito isso, né?
Comecemos com um ponto: vc concorda com a parte da reificação?
Rodrigo, use a frase que eu ouvi do pároco ontem eu sua peça: a morte é um dom, a morte é uma gostosura.
Postei o texto sobre vc na Usina.
Oi, Rodrigo! Te reencontro a partir do blog do Gt.
Deixe poesia e cultura mesmo!
essa disposição tá tão poética.
Gostei do comentário da Liliane.
Achei interessante aquele seu comentário sobre a armadilha do penetralia e incluí uma fala sua no texto.
Oi, Rodrigo.
Não tenho a menor ideia de como corrigir a tal história do script. Me dê uma luz!
Para colocar vídeo, vc tem que jogar o endereço que está no youtube em "incorporar" lá no mesmo lugar onde vc publica texto.
Vou procurar sobre SOm e Fúria.
Vou a Campinas agora com mais frequência daqui por diante, vamos ver se a gente combina um dia eu ver sua peça lá na sua casa.
Abs do Lúcio Jr.
Rodrigo: aqui tudo me parece como um grande e único post.
Rodrigo: quem sabe, dependendo de outras pessoas? Com viciados em heroína é assim, entram com metadona. Talvez vc seja um viciado em cris-tina.
Oi, Rodrigo, feliz aniversário!
Happy Days beckettianos para nós.
Os debates no senado são ótimos de ver, adoro esses barracos. Queria que alguém jogasse literalmente bosta no ventilador.
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